sábado, 27 de outubro de 2007

“Quero dormir.” Resmunga o leão.


Parte I:


Era o primeiro dia passado dentro da grande arca, construída por Noé, a chuva já caia lá fora, havia algumas horas. Os animais, depois daquele nervosismo inicial, provocado por algo que lhes novo e desconhecido, começavam a conversar amigavelmente uns com os outros.
- Já que vai ser uma viagem comprida, - Dizia o macaco. - mais vale ser em boa companhia!
Todos procuravam fazer novos amigos, todos menos o majestoso leão. Esse, encontrava-se sozinho a um canto, não por ser majestoso, mas porque se ralava cheio de preocupação.
Acho necessário explicar que a sua expressão preocupada era medonha, segundo a opinião da maioria dos tripulantes. Mas não de todos. A leoa que o conhecia bem, afirmava que ele era um animal muito simpático e divertido.


Uma coelhinha muito amorosa, teve pena dele e por isso foi-lhe perguntar:
- Queres brincar?
Os seus pensamentos foram interrompidos pela pergunta da coelhinha, e por momentos, o leão esqueceu esqueceu a preocupação, trocando-a por brincadeiras cheias de risadas e animação. O jogo que jogaram foi o das adivinhas, em tempos muito apreciado. Primeiro foi a vez da coelhinha que na sua vozinha carinhosa perguntou:
- Adivinha lá: Qual é coisa, qual é ela...
Que tens diante dos olhos, porém não a consegues ver.
Por vezes quando há vento, fraco ou forte o consegues sentir.
Por vezes é perfumado, mas se tiveres uma doninha ao lado,
vais querer fugir?
Ao que o leão respondeu entusiasmadamente, depois de algumas voltas à cabeça dar:
- É o ar, é o ar!
- Muito bem! Acertaste. Agora é a tua vez. Uma fácil, por favor, que ainda estamos a aquecer. - pediu a coelhinha que gostava muito do jogo, mas o achava difícil.


Outros animais se lhes juntaram, querendo brincar também. Riam, contavam histórias fantásticas e cantavam alto musicas na hora inventadas.
Afinal sempre a leoa tinha razão. Parece que o leão é divertido e tem bom coração.
Com tanta animação, o tempo passou depressa e depois de um belo jantar, eram horas de ir deitar. Não antes de ter os dentes escovados, claro está, que naquele navio, a grande arca, todos os animais eram asseados.
Enquanto esperavam na fila para a casa de banho, todos podiam ouvir a girafa que se achava muito fina, a resmungar:
- Sinceramente... se as minhas amigas me vissem numa vila para usar uma casa de banho publica, o que iriam pensar e dizer?! Uma arca destas dimensões, podia muito
bem ter melhores condições. Ou pelo menos ter uma casa de banho privada para os animais mais importantes, não era exigir demasiado.
Alguns animais sentiram-se insultados com esta conversa da girafa, o leão porém pensava noutros assuntos, provavelmente os mesmos que de manhã o incomodavam.
Inutilmente a leoa tentou saber o que se passava. Ao invés de ajudar o outro, as suas perguntas deixavam-no ainda mais incomodado.
“Não posso contar a leoa, ou nunca ela quererá ser minha namorada!” Pensava angustiado. Então resmungou:
- Será que o tempo lá fora não vai mudar durante toda a viagem? Já estou a ficar farto de ouvir a chuva cantar.
O cão que lhe ouviu o desabafo respondeu:
- Tenho um faro tão bom que até o tempo consegue cheirar. Chuva toda a semana, amigo. Vais ter que te aguentar.

Magna Santos

1 comentários:

Unknown disse...

Oh, agora fiquei curioso e obrigas-me a ler o resto... lol
Acho que sim... temos escritora!! ;)