Nota: Escrevi esta historia no âmbito da disciplina de expressão musical para uso futuro em aulas de musica para crianças. É uma boa forma (na teoria) de introduzir as figuras musicais. Apresenta um fundo moral sobre o qual se pode falar com as crianças que normalmente não sabem o que é ter paciência. Tem também noções de ciências naturais a respeito da cadeia alimentar.
É uma espécie de rapsódia. ^^
Cadeia alimentar
O dia raiou na floresta dos ritmos
Bem cedo pela manhã.
A colcheia, toda entusiasmada
Nem quis esperar pela irmã.
Sua sorte foi a outra conhecê-la muito bem
A tal ponto que sabia que a pequena estaria além.
Além foi ter com ela,
Além as duas brincaram,
Até que o sol se pôs
Na clareira ficaram.
Este quadro colorido, de tons verdes pincelado,
Tons escuros ganhou.
Ficando escuro todo o céu,
A semínima voou.
Voou porque era hora de caçar
De caçar, pois!
Algo suculento para o jantar.
Pobres colcheias que com as horas se descuidaram
Agora, encolhiam-se de medo quando delas se lembraram.
“Pobre mamã, pobre papá
Que a nossa faltam sentirão
E por dois compassos inteiros
A nossa perda chorarão.”
Tentaram então fugir
Não tendo outra opção
Tentando chegar a casa sãs e salvas
Pedindo, ao papá e à mamã, o seu perdão.
A semínima por ali voava,
Cheirando-lhes a aflição
Pensava contente: “É desta!
É desta que vou encher a barriga com uma bela refeição!”
E foi assim que se findou num só tempo
A vida de duas colcheias descuidadas
Que costumavam correr o bosque
Sempre alegres, de mãos dadas.
Ora, a semínima satisfeita
E de barriga cheia foi-se deitar
Tentando o peso da barriga aliviar.
Pobre coitada não sabia, porém,
Que ali no escuro lhe esperava alguém:
Uma mínima esfomeada
Que procurava cear…
Saltou logo para cima dela
Sem duas vezes pensar.
Por sorte!... ou azar!...
Seu marido chegou para a salvar.
Sorte de ambos que tinham enchido a pança.
Azar, porque de barriga cheia não conseguiam lutar.
Em dois tempos a luta terminou e a mínima descansou,
Mas toda aquela luta enjoada deixou.
Resmungou aborrecida: “Comi a dobrar!...
Mas com tanta guerra não consegui a comida saborear!”
Foi até à rua para se puder estender
Depois de com tanta comida a boca encher.
Tentava aliviar, inutilmente, desesperada
A azia incómoda, malvada!!
“Por pouco o jantar não vomitava…”
Estava assim, pensando
Nas suas dores
Que lhe provocavam grandes calores,
Descuidada, suada, doente e pesada,
Sem nada mais conseguir pensar…
Quando foi à armadilha da semibreve parar.
Cansada, maldisposta: pesada da ceia
Não tinha forças para fugir.
Desta forma foi sem nada poder fazer
Ao caldeirão cair.
Não foi a única descuidada
A ter o mesmo triste fim
Outra mínima ali se especada se encontrava
Como ela esperava, assim.
Sentir-se-ia melhor, decerto!
Por não ser a única tonta que enfim…
Tinha pensado mais na sua barriga
Esquecendo-se de sim
Não lhe esperasse, tão triste fim.
No topo da cadeia alimentar
Estava a semibreve vagarosa…
Que de tanto comer estava gorda e redonda e viçosa!
Burra não era! Pois soube-se precaver
Nunca ia atrás de comida
Sem uma armadilha fazer.
Ia depois, nas horas seguras, em quatro tempos,
Buscar a sua porção,
Não havendo quem conseguisse
Deitar-lhe a mão.
Assim comia, sem se preocupar
Comendo tudo o que pudesse na boca enfiar:
Por vezes duas belas e gordas mínimas
Que a deixavam satisfeita o resto do dia…
Outras vezes por quatro seminimas tinha que procurar.
Nos dias de festa,
Fazia contas de cabeça
A cada convidado, oito colcheias servia,
Sendo necessário durante mais tempo caçar.
Era assim que vivia a semibreve
Sem pressa de a barriga encher.
Andava devagar, era bem verdade!
Porém, aprendera com a idade
Que assim devagar conseguia, mais que todos saborear
O raiar de mais um dia
E também mais um jantar.
Escrito por: Magna Santos, 22 de Abril de 2009
0 comentários:
Enviar um comentário