terça-feira, 12 de maio de 2009

Cadeia alimentar


Nota: Escrevi esta historia no âmbito da disciplina de expressão musical para uso futuro em aulas de musica para crianças. É uma boa forma (na teoria) de introduzir  as figuras musicais. Apresenta um fundo moral sobre o qual se pode falar com as crianças que normalmente não sabem o que é ter paciência. Tem também noções de ciências naturais a respeito da cadeia alimentar. 

É uma espécie de rapsódia. ^^ 


Cadeia alimentar


O dia raiou na floresta dos ritmos

Bem cedo pela manhã.

A colcheia, toda entusiasmada

Nem quis esperar pela irmã.

Sua sorte foi a outra conhecê-la muito bem

A tal ponto que sabia que a pequena estaria além.

Além foi ter com ela,

Além as duas brincaram,

Até que o sol se pôs

Na clareira ficaram.

 

Este quadro colorido, de tons verdes pincelado,

Tons escuros ganhou.

Ficando escuro todo o céu,

A semínima voou.

Voou porque era hora de caçar

De caçar, pois!

Algo suculento para o jantar.

 

Pobres colcheias que com as horas se descuidaram

Agora, encolhiam-se de medo quando delas se lembraram.

“Pobre mamã, pobre papá

Que a nossa faltam sentirão

E por dois compassos inteiros

A nossa perda chorarão.”

 

Tentaram então fugir

Não tendo outra opção

Tentando chegar a casa sãs e salvas

Pedindo, ao papá e à mamã, o seu perdão.

 

A semínima por ali voava,

Cheirando-lhes a aflição

Pensava contente: “É desta!

É desta que vou encher a barriga com uma bela refeição!”

E foi assim que se findou num só tempo

A vida de duas colcheias descuidadas

Que costumavam correr o bosque

Sempre alegres, de mãos dadas.

 

Ora, a semínima satisfeita

E de barriga cheia foi-se deitar

Tentando o peso da barriga aliviar.

Pobre coitada não sabia, porém,

Que ali no escuro lhe esperava alguém:

Uma mínima esfomeada

Que procurava cear…

Saltou logo para cima dela

Sem duas vezes pensar.

 

Por sorte!... ou azar!...

Seu marido chegou para a salvar.

Sorte de ambos que tinham enchido a pança.

Azar, porque de barriga cheia não conseguiam lutar.

 

Em dois tempos a luta terminou e a mínima descansou,

Mas toda aquela luta enjoada deixou.

Resmungou aborrecida: “Comi a dobrar!...

Mas com tanta guerra não consegui a comida saborear!”

 

Foi até à rua para se puder estender

Depois de com tanta comida a boca encher.

Tentava aliviar, inutilmente, desesperada

A azia incómoda, malvada!!

“Por pouco o jantar não vomitava…”

 

Estava assim, pensando

Nas suas dores

Que lhe provocavam grandes calores,

Descuidada, suada, doente e pesada,

Sem nada mais conseguir pensar…

Quando foi à armadilha da semibreve parar.  

 

Cansada, maldisposta: pesada da ceia

Não tinha forças para fugir.

Desta forma foi sem nada poder fazer

Ao caldeirão cair.

 

Não foi a única descuidada

A ter o mesmo triste fim

Outra mínima ali se especada se encontrava

Como ela esperava, assim.

 

Sentir-se-ia melhor, decerto!

Por não ser a única tonta que enfim…

Tinha pensado mais na sua barriga

Esquecendo-se de sim

Não lhe esperasse, tão triste fim.

 

No topo da cadeia alimentar

Estava a semibreve vagarosa…

Que de tanto comer estava gorda e redonda e viçosa!

Burra não era! Pois soube-se precaver

Nunca ia atrás de comida

Sem uma armadilha fazer.

Ia depois, nas horas seguras, em quatro tempos,

Buscar a sua porção,

Não havendo quem conseguisse

Deitar-lhe a mão.

 

Assim comia, sem se preocupar

Comendo tudo o que pudesse na boca enfiar:

Por vezes duas belas e gordas mínimas

Que a deixavam satisfeita o resto do dia…

Outras vezes por quatro seminimas tinha que procurar.

Nos dias de festa,

Fazia contas de cabeça

A cada convidado, oito colcheias servia,

Sendo necessário durante mais tempo caçar.

 

Era assim que vivia a semibreve

Sem pressa de a barriga encher.

Andava devagar, era bem verdade!

Porém, aprendera com a idade

Que assim devagar conseguia, mais que todos saborear

O raiar de mais um dia

E também mais um jantar.

 

 

Escrito por: Magna Santos, 22 de Abril de 2009 

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