domingo, 28 de outubro de 2007

“Quero dormir.” Resmunga o leão. IV


Parte IV:



O leão contou à coelhinha e a coelhinha, como prometido, não se riu, apesar de ser algo engraçado de se ouvir. Porém para o leão não tinha graça nenhuma, e como a coelhinha tinha de vez em quando boas ideias, depressa se lembrou de algo que podia ser a solução.
O segredo do leão, por ele tão bem guardado e que agora com a coelhinha partilhado, trata-se de um problema comum a muitas criancinhas. Acontece nas noites que chove muito, as vezes, sem querer, molhar a caminha.





A coelhinha descansou o leão, dizendo-lhe:
- Não te preocupes, esta noite dormirás descansado.





Não sei como ela de tal coisa se lembrou, mas a ideia as mil maravilhas resultou.
Com duas bolinhas de algodão, tapou as orelhas do leão, impedindo-o de ouvir a chuva. Nem chuva nem algazarra, nem mesmo o ressonar da girafa o voltaram a incomodar, pois todos os dias já na cama, a coelhinha os ouvidos lhe ia tapar.






A coisa pegou moda, digo vos, todos os demais animais aderiram ao algodão. Não para deixar de ouvir a chuva, mas a girafa evitar, que nas suas muita resmunguice, já começava a enjoar.


Magna Santos

“Quero dormir.” Resmunga o leão. III


Parte III:

A coelhinha tomou então uma decisão. “Tenho um bocadinho de medo, mas vou falar com o leão.”
Então, nessa tarde, quando todos estavam ocupados a brincar ou a tagarelar, a coelhinha aproximou-se daquele que era o tema central da conversa da bicharada.
Pode ver nos seus olhos como estava cansado e triste. Mais triste que mal humorado.
- Oh leão... diz-me lá o que contigo se está a passar. - pediu carinhosamente a coelhinha, falando tão baixinho que o leão teve que se aproximar para a ouvir. A coelhinha com medo, deu um salto para traz e o seu coraçãozinho começou a bater tão depressa que até o leão o podia ver bater.
- Também tens medo de mim? - perguntou ele cada vez mais entristecido.
- Um bocadinho – disse a coelhinha com sinceridade – mas não é por mal!
- Eu sei. - respondeu suspirando. - Eu sei que tenho andado mal humorado, mas não o consigo evitar.



A coelhinha comovida com a solidão do leão, perdeu o medo, aproximou-se e afagando-lhe o focinho, afirmou:
- Eu sei que não tens conseguido dormir. Se me contares porque, talvez eu te consiga ajudar.
- Não te posso contar – afirmou o leão.
- Porquê?
- Porque tenho vergonha. Tenho medo que te rias de mim e não quero que os outros animais saiba, iam fazer piadas e anedotas a meu respeito.
- Vá, conta lá. Eu não me riu, prometo!
- Só se prometeres também não contar a ninguém. - pediu o leão, já decidido a confiar na doce coelhinha.
- Prometo!


Magna Santos

“Quero dormir.” Resmunga o leão. II




Parte II:

Na manhã seguinte, ao pequeno almoço fazia-se uma grande algazarra. Para o leão que não tinha pregado olho, era demasiado barulho, por isso resmungou:
- Não se pode comer em paz?
O rugido zangado, da boca do leão pronunciado, assustou a bicharada, que num segundo ficou silenciosa e calada.


A cada dia que passava, o leão mais zangado e impaciente se mostrava, o que preocupou toda a população. Não sei se vocês gostavam de estar perto de um leão enervado, eu sei que preferia não estar. Da minha opinião eram todos os demais bichinhos que navegavam naquela arca, e por isso numa das muitas vezes em que o leão se afastou para ir à casa de banho, fizeram o mais depressa possível, uma reunião. Era discutido o que fazer para mudar a situação que a muitos amedrontava.
- Temos que em primeiro lugar descobrir o que o está a deixar tão alterado.- Afirmou a zebra.
- Nem parece o mesmo animal com que brinquei as adivinhas! -comentou a coelhinha.
- Se houvesse casas de banho privadas, tenho a certeza que como eu, ele se sentiria muito melhor. - Comentou a girafa, como se todos os problemas tivesse a ver com as casas de banho.
- A verdade é que qualquer coisa o está a importunar. - Apressou-se a leoa a interromper a girafa que na sua opinião só dizia disparates. - Mas ele não me diz o que é. - Contou tristemente.
- Bem... falemos do que sabemos. O leão tem problemas com o sono. - Continuou o sapo.
- Toda a gente sabe que falta de sono deixa qualquer animal mal humorado. - Afirmou o mocho todo emproado.
- Então temos que descobrir porque não dorme o leão... - começou a ratinha.
- E assim se resolverá este problemão.- concluiu o rato.


E assim, um plano foi estruturado. Quando o leão voltou, a reunião já tinha terminado. De nada ele suspeitou, pois todos conversavam novamente como se conversar e tagarelar sobre tudo e sobre nada, fosse tudo o que lhes passava na mente.


A noite chegou, mais uma vez, igual a todos os dias, quando o sol se vai deitar e é a lua que vai trabalhar, tecendo sonhos e muita curiosidade naqueles que a fitam sem maldade. Desta vez, porém, não chegou tão depressa como o desejado, pois os bichinhos ansiosos de fazer o planeado, divertiam-se pouco e pensavam demasiado.
Quando chegou a hora de lavar os dentes, todos se esforçaram por agir com normalidade, no entanto uma certa agitação começava a pairar no ar. Só a girafa, nisso não via grande dificuldade. Até parecia que ao contrario do que dizia, a hora da espera nas filas para a casa de banho, era a sua hora preferida do dia, pois tinha um estranho prazer em resmungar. E nunca ninguém a ouvia mais entusiasmada que quando se queixava das casas de banho.
- No outro dia, - começou ela. - estava tão aflita para ir a casa de banho que entrei desvairada na casa de banho. Só quando lá estava me dei conta de que tinha entrado numa autentica pocilga. Até pensei que deveria de comentar com a menina javali, que realmente, lama faz mito bem à pele, mas que devia ter consideração pelas restantes meninas que as casas de banho irão usar. Havia lama espalhada por toda a parte.


Quando já todos estavam a dormir , todos não... que o mocho e o morcego estavam de guarda a observar se o que impedia o leão de dormir, eram os mosquitos a incomodar.
Em vão ficaram em pé toda a noite, pois não era essa a razão porque não conseguia dormir o leão.
Na noite seguinte, foi a vez da morcega e da mocha ficarem a vigiar, mas as pobres distraíram-se a conversar.
- Mais uma noite desperdiçada! - comentou o crocodilo.
Nas noites seguintes, o mesmo aconteceu, vigiavam o leão, que de um lado para o outro caminhava a noite toda, mas nada de novo descobriram.
Magna Santos

sábado, 27 de outubro de 2007

“Quero dormir.” Resmunga o leão.


Parte I:


Era o primeiro dia passado dentro da grande arca, construída por Noé, a chuva já caia lá fora, havia algumas horas. Os animais, depois daquele nervosismo inicial, provocado por algo que lhes novo e desconhecido, começavam a conversar amigavelmente uns com os outros.
- Já que vai ser uma viagem comprida, - Dizia o macaco. - mais vale ser em boa companhia!
Todos procuravam fazer novos amigos, todos menos o majestoso leão. Esse, encontrava-se sozinho a um canto, não por ser majestoso, mas porque se ralava cheio de preocupação.
Acho necessário explicar que a sua expressão preocupada era medonha, segundo a opinião da maioria dos tripulantes. Mas não de todos. A leoa que o conhecia bem, afirmava que ele era um animal muito simpático e divertido.


Uma coelhinha muito amorosa, teve pena dele e por isso foi-lhe perguntar:
- Queres brincar?
Os seus pensamentos foram interrompidos pela pergunta da coelhinha, e por momentos, o leão esqueceu esqueceu a preocupação, trocando-a por brincadeiras cheias de risadas e animação. O jogo que jogaram foi o das adivinhas, em tempos muito apreciado. Primeiro foi a vez da coelhinha que na sua vozinha carinhosa perguntou:
- Adivinha lá: Qual é coisa, qual é ela...
Que tens diante dos olhos, porém não a consegues ver.
Por vezes quando há vento, fraco ou forte o consegues sentir.
Por vezes é perfumado, mas se tiveres uma doninha ao lado,
vais querer fugir?
Ao que o leão respondeu entusiasmadamente, depois de algumas voltas à cabeça dar:
- É o ar, é o ar!
- Muito bem! Acertaste. Agora é a tua vez. Uma fácil, por favor, que ainda estamos a aquecer. - pediu a coelhinha que gostava muito do jogo, mas o achava difícil.


Outros animais se lhes juntaram, querendo brincar também. Riam, contavam histórias fantásticas e cantavam alto musicas na hora inventadas.
Afinal sempre a leoa tinha razão. Parece que o leão é divertido e tem bom coração.
Com tanta animação, o tempo passou depressa e depois de um belo jantar, eram horas de ir deitar. Não antes de ter os dentes escovados, claro está, que naquele navio, a grande arca, todos os animais eram asseados.
Enquanto esperavam na fila para a casa de banho, todos podiam ouvir a girafa que se achava muito fina, a resmungar:
- Sinceramente... se as minhas amigas me vissem numa vila para usar uma casa de banho publica, o que iriam pensar e dizer?! Uma arca destas dimensões, podia muito
bem ter melhores condições. Ou pelo menos ter uma casa de banho privada para os animais mais importantes, não era exigir demasiado.
Alguns animais sentiram-se insultados com esta conversa da girafa, o leão porém pensava noutros assuntos, provavelmente os mesmos que de manhã o incomodavam.
Inutilmente a leoa tentou saber o que se passava. Ao invés de ajudar o outro, as suas perguntas deixavam-no ainda mais incomodado.
“Não posso contar a leoa, ou nunca ela quererá ser minha namorada!” Pensava angustiado. Então resmungou:
- Será que o tempo lá fora não vai mudar durante toda a viagem? Já estou a ficar farto de ouvir a chuva cantar.
O cão que lhe ouviu o desabafo respondeu:
- Tenho um faro tão bom que até o tempo consegue cheirar. Chuva toda a semana, amigo. Vais ter que te aguentar.

Magna Santos

domingo, 21 de outubro de 2007

João 15:14


- Josias, vai arrumar o teu quarto! – Pediu a mãe.

- Está bem! – Respondeu o Josias. No entanto, ao passar pela sala e olhar para a televisão, distraiu-se e daí a um bocado, chamava novamente a mãe.

- Josias, já te pedi para ires arrumar o quarto.

- Já vou mãe. – Respondeu o Josias. Mas como estavam a passar uns desenhos animados tão divertidos, deixou-se ficar.

A mãe apareceu com a roupa engomada nos braços na sala, e de repente ao ver o Josias em frente da televisão, assumiu um ar zangado.

- Josias, o que é que eu te pedi para fazeres? – Perguntou mesmo zangada.

- Vou já mãe. – Respondeu o Josias aborrecido.

- Não é já, é agora. – Rematou a mãe.

- Porque? – Perguntou o Josias muito aborrecido.

- Porque eu te pedi que o fizesses.

- Deixa-me só acabar de ver estes bonecos. – Pediu ele.

- Não Josias, já viste desenhos que chegassem. Agora, se faz favor, vai arrumar o teu quarto.

Muito aborrecido o Josias foi para o seu quarto. Mas distraiu-se com um brinquedo e esqueceu-se de arrumar o quarto. Quando a mãe passou pela porta do quarto ficou muito zangada com ele.

- Josias, não te volto a dizer para arrumares o quarto. – Disse a mãe continuando o seu caminho.

O Josias não percebia o que fazia a mãe ficar tão zangada. Por isso cruzou os braços e sentou-se na cama com ar de birra.

A mãe voltou a aparecer no quarto e desta vez estava tão zangada que até levantou a voz.

- Josias!!!! Porque é que ainda não arrumaste o teu quarto?

- Porque é que estas tão zangada? – Perguntou o Josias fazendo beicinho.

- Porque já te pedi que o fizesses muitas vezes, e tu ainda nem a cama soubeste fazer.

- Porque é que eu tenho que fazer a cama? – Perguntou indignado.

- Ora porque?! Porque daqui a pouco chega a avó e o avô e vão ver o teu quarto neste estado e depois pensam que tu és um menino muito desarrumado!

- Mas porque é que estas zangada? – Perguntou novamente.

- Eu não me zangava contigo, se fizesses o que eu digo. – Explicou a mãe. – Agora sem mais conversa, quero ver esses bracinhos a por tudo no lugar.

Desta vez a mãe não arredou pé do quarto do Josias até que ele cumprisse a tarefa.

Na escola, num outro dia, o professor distribuiu umas fichas para os meninos fazerem uns exercícios. O Josias já estava cansado de os fazer, por isso virou-se para trás e começou a falar com o Tiago.

- Josias, vira-te para a frente. – Pediu o professor. O Josias nada fez.

- Josias, - voltou a chamar o professor. – Vira-te para a frente. O Josias obedeceu, mas uns momentos depois já estava novamente virado para trás.

- Josias! – Chamou o professor já zangado.

- Sim, professor.

- Vira-te para a frente. Não te volto a dizer.

- Porque professor? – Perguntou o Josias cruzando os braços.

- Porque estás a distrair o teu colega.

- Porque é que está tão zangado? – Perguntou fazendo beicinho.

- Se tu o tivesses feito quando to pedi da primeira vez, eu não estaria agora zangado.

Em casa, a mana que era uns bons anos mais velha que o Josias, ajudava-o com os trabalhos de casa.

Mas o Josias queria era ir brincar.

- Josias, vá, já falta pouco. Primeiro vamos acabar o que ainda tens para fazer?

- Porquê mana?

- Porque se os acabares agora, ficas com mais tempo para brincar.

- Mas mana, eu já estou farto. – Disse o Josias cruzando os braços.

- Eu também estou cansada, vá, acaba lá isso para irmos brincar.

- Não quero.

- Josias! – Disse a mana começando a ficar zangada. – Pega no lápis e acaba essa conta.

- Porque?

- Eu já te expliquei porquê. – A mana já estava a perder a paciência.

- Mas eu já estou cansado. – Disse começando a fazer beicinho.

- Eu é que já estou a ficar farta desta conversa. – A mana estava mesmo a ficar zangada. Até começou a levantar a voz!

- Porque é que estas zangada? – Perguntou indignado.

- Porque não fazes o que te peço.

- Mas eu quero ir brincar contigo.

- Não vais brincar enquanto não acabares os trabalhos de casa.

- Porque é que estás zangada? Já não és minha amiga?

- Se eu não tivesse que te pedir tantas vezes a mesma coisa, não me zangava contigo e nós seríamos sempre amigos! – Explicou a mana.

Na escola dominical, naquele domingo, a professora ensinou aos meninos, que Deus ficava contente quando os meninos se portavam bem, porque podia ser seus amigos. Pediu aos meninos para abrir a Bíblia em João 15:14 e pediu ao Josias para ler em voz alta.

- Vocês serão meus amigos se fizerem o que vos mando. – Leu o Josias, um pouco atrapalhadamente, pois ainda não lia tão bem como os meninos grandes.

- Muito bem, Josias. – Elogiou a professora. – Sabes quem disse estas palavras? – Perguntou.

- Foi Jesus. – O Josias respondeu muito acertadamente.

- Pois foi. E sabem porquê? – Perguntou também aos outros meninos? Como os meninos abanaram a cabeça, a professora respondeu:

- Porque Jesus gosta tanto de vocês, que quer ser vosso amigo. A mãe não se zanga quando vocês se portam mal e não obedecem? – Todos acenaram afirmativamente com a cabeça. – Quando estão zangados um com o outro, não conseguem ser amigos. Para não zangarem a mãe, têm que se portar bem. Para Jesus ser vosso amigo, vocês tem que ser meninos obedientes.

O Josias percebeu tudo e dali em diante tentou portar-se bem. E viu que era verdade o que a professora ensinara, pois a mãe, o professor e a mana andavam muito mais contentes com ele.

Escrito por: Magna Santos