sábado, 2 de abril de 2011

Quem já viu uma borboleta pousar numa flor?


Esta história foi construída por mim e por mais duas colegas - Gisela Falante e Sandra Lourenço; no âmbito de uma disciplina chamada Jogos e Brinquedos. ^^

Quem já viu uma borboleta pousar numa flor?

Quem já viu uma borboleta pousar numa flor? É uma coisa muito comum na primavera. Quem as vê entende-as por simples conhecidas, vizinhas no mesmo jardim. Se observassem com atenção veriam que se beijam sempre e que a sua relação é mais antiga que a humanidade.

Tudo começou no Jardim Esquecido com a chegada das primeiras borboletas migratórias.

Tal como o nome indica, aquele jardim há muito que não era visitado. As suas plantas cresciam rasteiras ao chão, de uma forma desordenada. Vivia silencioso e triste, debaixo de um céu encoberto.

As borboletas chegaram ao jardim muito cansadas da viagem e pousaram nas plantas - vinham carregadas de ovos para depositar. Foi naquelas plantas sem graça e sem cor que depositaram as gerações futuras e para protege-las, despiram as asas e cobriram-nas.

Aquele acto solene, maternal, comoveu o sol que empurrando as nuvens, iluminou o jardim. Agora preenchido de cores vibrantes e de luminosidade, o jardim nem parecia o mesmo. A sua beleza era tal que os animais de outros jardins ouviram falar dela e do fenómeno que passou a ocorrer todas as primaveras.

Os animais duvidaram que tamanha maravilha pudesse existir. Querendo comprovar a sua veracidade, dirigiram-se cheios de curiosidade para o jardim das borboletas.

Os que conseguiram encontrar o jardim de difícil localização, tinham dificuldades em abandoná-lo tão hipnotizados ficavam. Assim, voltavam todas as primaveras trazendo amigos. Com a chegada dos animais o jardim ganhou nova vida, nova sonoridade, pois eles não só conversavam muito, também cantavam e dançavam e tocavam instrumentos.

As plantas, envergando as asas das borboletas eram como presentes para os olhos dos animais e as festas dos animais eram a retribuição que eles davam às plantas. As únicas que não recebiam nada em troca do que ofereciam eram as borboletas que, vulneráveis ai vento, sem as suas asas, acabavam por morrer de frio.

Foi então, tomada uma decisão - animais e plantas iam juntos, de alguma forma, resolver o problema das borboletas. Depois de muita discussão, foi aceite a seguinte proposta: cada animal ofereceria algo (um pelo, uma escama, uma teia...) que seria usado para confeccionar umas vestimentas a que chamaram pétalas. As pétalas seriam envergadas pelas plantas todas as primaveras e assim as borboletas não teriam que se sacrificar perdendo as asas e morrendo de frio.

O plano foi posto em prática imediatamente. O resultado superou as expectativas! AS pétalas, concebidas pela amizade e cooperação de todos, eram de uma beleza igualável à das asas das borboletas e as suas cores eram igualmente vibrantes. Cada espécie de plantas ganhara uma variedade dessas pétalas que variavam na sua forma e na sua cor. Todos estavam ansiosos pelo regresso das borboletas e por isso, o inverno parecia nunca mais acabar.

E qual não foi a surpresa delas quando na primavera seguinte regressaram ao jardim. Vinham cansadas, mas esperava-lhes um festim - comida acabada de cozinhar, água fresquinha e almofadas onde pudessem descansar as perninhas.
Comovidas puseram os seus ovos ao abrigo das pétalas. Felizes dançaram no céu ao por do sol, compondo um espectáculo deslumbrante, digno de reis e rainhas. Por fim, todos estavam felizes, todos se sentiam recompensados e assim viveram por muitos e longos anos.

Já viste uma borboleta pousar numa flor?

29 de Março de 2011
Gisela Falante
Magna Santos
Sandra Lourenço