quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

E o que fez o André?!


“Vocês são a luz do mundo. Uma cidade construída no topo de um monte, toda a gente vê. Não se acende um candeeiro para se pôr dentro do armário. Não ocultem a vossa luz; deixem que ela brilhe diante de todos.”
Mateus 5:14, 15








E o que fez o André?!


Todos nós sabemos que os monstros não existem.
Bem, o meu amigo André também sabia e na escola às vezes até se fazia de fanfarrão dizendo: “Eu não tenho medo de nada!”, mas por vezes, em noites frias de Inverno, acontecia o André esquecer-se de que não tinha medo de nada e de que os monstros não existem.


E o que fez o André numa dessas noites em que o vento a assobiar o deixou assustado?

Escondeu-se debaixo dos cobertores?



NÃO!!!



Levantou-se com coragem e foi ligar a luz. “Os monstros têm medo de luz!”, lembrou-se. Depois, como ainda tinha um bocadinho de medo, pegou num livro para se distrair.
Ainda não tinha chegado ao fim da primeira página quando a mamã entrou no quarto para o aconchegar.


“Que fazes tu a estas horas?”, perguntou. “Já devias estar a dormir!”
“ Estava a ler.”, Respondeu na esperança que a mãe não se aborrecesse mais com ele.
“Mas agora são horas é de dormir e é isso que vais fazer porque amanhã é dia de escola e tu tens que te levantar muito cedo.”



Quem de vocês é que nunca ouviu esta conversa??!



E dizendo isto, pegou no livro que o André ainda segurava, colocou-o na prateleira, muito arrumadinho ao pé dos outros livros. Depois, sem se deixar derreter pelos olhinhos de suplica do André,

Quem de vocês nunca experimentou esta técnica??!

aconchegou-o, apagou a luz, cantou um “Boa noite pequenino!” e fechou a porta.
A princípio, o André, aborrecido com a mãe não se lembrava dos monstros, mas depois quando o vento assobiou, arrepiou-se de medo.

E o que fez o André quando se arrepiou com medo??

Fez xixi na cama por estar assustado?





NÃO!!!





Levantou-se com coragem e foi pé ante pé à casa de banho fazer o xixi todo antes que o pudesse fazer na cama sem querer.
Quando voltou ao quarto, fechou a porta sem fazer barulho. Não queria que a mãe soubesse que ainda não estava a dormir.

E depois?

Depois, deixou a luz acesa e pegou novamente num livro e sentou-se na cama a ler.
Os olhos já lhe pesavam de sono quando o papá entrou no quarto. Como a mamã, o papá também não ficou muito contente por o saber acordado.
“André, que fazes a pé.”, Perguntou num tom que significava sarilhos.





“Ora…”, resmungou para si. “Não estou a pé, estou sentado!”





Não tinha sono, por isso, decidi ir ler um bocadinho. ”, Mentiu. Não podia dar parte fraca e dizer que estava com medo. Se o dissesse, o monstro que estava no armário e que o André não se lembrava que não existia, ouviria também.
Nunca se diz a um inimigo que se tem medo dele! É a regra número 2, contra monstros que não existem, que o André segue em noites assustadoras como aquela.


“Se não tinhas, agora já tens. Os teus olhinhos mal se aguentam abertos e não paras de bocejar. “, Afirmou o pai.
O André ainda tentou a técnica dos olhos suplicantes, mas tal como a mamã, o papá não se deixou influenciar e tal como a mamã arrumou o livro, aconchegou-lhe a roupa da cama, deu-lhe um beijo na testa, sussurrou um “Boa noite valentão!”, apagou a luz e fechou a porta.
Tinha tanto sono que mais uma vez se esqueceu dos monstros, apenas até ouvir a janela ranger.


E o que fez o André quando ouviu a janela ranger???

Não tinha xixi para fazer, por isso não molhou a cama. Enrolou-se muito bem enrolado debaixo dos cobertores. E depois lembrou-se… Regra número1: “Não se mostra medo quando se sente medo.” Então, com muito esforço, porque é preciso coragem, lá esticou as perninhas como se estivesse a dormir sossegado.
Mas dormia????



NÃO!!!




Só fingia dormir. Do sono não havia sinal. Fugiu de medo como fugiria o André se não fosse tão corajoso.

“E agora… o que faço?”, questionou-se. “Não posso ler para me distrair… nem posso acender a luz…”. De repente lembrou-se: “Os monstros tem medo de luz!”

E o que fez o André quando de repente se lembrou de que os monstros têm medo da luz????

Acendeu a luz?








NÃO!!!



Não queria aborrecer os pais…
Levantou-se e procurou às apalpadelas pela lanterna que o João lhe dera na troca de um robot.

“Espero que tenha pilhas.”, Pensou. Espreitou – a lanterna tinha pilhas.
“Espero que não estejam gastas.”, Desejou. Experimentou carregar no botão – não estavam gastas. Havia luz.
“Eh, eh, eh!”, riu baixinho. “Vou fazer os monstros terem mais medo que eu!”
Sentia-se incrivelmente corajoso e cheio de coragem ao roupeiro se dirigiu. A cada passo que dava, no entanto, menos corajoso se sentia e tal como o sono, a coragem parecia querer fugir… Era difícil mas prosseguiu. “Um passo de cada vez.”, ia dizendo de si para consigo.
Pôs a mão no puxador da porta do roupeiro. “É agora!!”, Exclamou e nem para pensar parou; respirou fundo, fechou os olhos, abriu a porta, atirou com a lanterna para dentro do armário, fechou a porta, respirou fundo e abriu os olhos. Tudo isto em pouco mais que 2 segundos.
Ás cegas voltou para a cama e ás cegas na cama se deito. Aconchegou os lençóis meio desajeitado e pensou: “Agora sim, agora vou conseguir dormir descansado.” E suspirou…

E o que fez o André depois de suspirar?????

Adormeceu?




NÃO!!!

O pobre garoto não conseguia dormir, só pensava. “ Será que a lanterna se apagou?”. É que, com a porta do roupeiro fechada, a luz não se via. O André não tinha como saber se ainda estava acesa.
E o que fez o André que continuava ás escuras??????

Foi abrir a porta do roupeiro para ver?



NÃO!!!

Sentia demasiado medo….

Ficou encolhido na cama?



NÃO!!!


Encheu-se de coragem, deu um salto bem grande de debaixo dos lençóis e correu a ligar a luz.
Logo que o quarto ficou iluminado sentiu-se mais descansado e o coração acelerado acalmou. “De que me serve uma luz que não consigo ver?”, pensou. “Pode assustar os monstros, mas não me tira o medo a mim.”.

Pela terceira vez naquela noite, à prateleira dos livros se dirigiu. Pela terceira vez naquela noite um livro escolheu. Um de heróis como ele, chamava-se “David e Golias”. Levou-o nos braços para a cama, deitou-se tapadinho porque sentia frio, abriu o livro em cima do peito e…
E o que fez o André deitadinho na cama e de livro aberto??????? Leu?



NÃO!!!

Adormeceu!!!




23 de Fevereiro de 2009
(CB de Carnaval)Magna Santos

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A boneca de trapos


A cor escura da sua pele e o seu cabelo sempre encrespado, já chamavam muita atenção na escola, mas desta vez as coleguinhas estavam a aborrecê-la por outra razão. Malika tem uma boneca de trapo, muito velha, que carrega sempre consigo.

- Não sei porque é que não a deitas para o lixo! – Disse a Ester. – De certeza que a tua mãe te pode dar bonecas muito mais giras!
- Olha a minha. – Pediu a Rita mostrando a sua bebé que até piscava os olhos. – Chama-se Maria. Vês como é bonita.
- Ao lado da boneca da Rita, a tua é horrível. – Disse Ana.
Malika não respondia às provocações das colegas. Para ela, a sua boneca era muito especial.


Rodrigo, o matulão lá da escola, que tinha a mania que mandava em tudo, aproximou-se.
- Não percebo porque é que as raparigas gostam tanto de bonecas! – Exclamou com desdém pegando na boneca da Rita.
A Rita começou a chorar quando Rodrigo ameaçou pôr a boneca no lixo.
- Pára! – Suplicou entre lágrimas tentando tirar-lhe a boneca. – É nova. – Disse chorando ainda mais.
- Mas é muito feia! – Respondeu o Rodrigo a rir, como se o que estava a fazer tivesse muita graça.
- Mais feia é a da Malika. Feia e velha. Põe antes a dela no lixo e devolve a minha. – Pediu a Rita.
- Não digas isso! – Pediu Ester à Rita, mas Rita continuou.
- De certeza que não custou dinheiro nenhum e a minha custou! – Afirmou quase gritando.
- Se calhar tens razão. Ninguém vai ralhar comigo por pôr uma boneca tão feia no lixo. Já está velha! Além disso apetece-me mesmo muito deitar uma das vossas bonecas para o lixo.
- Por isso mesmo, mete a dela que não vale nada.

Malika viu assustada, o Rodrigo caminhar na sua direcção.
- Por favor, não o faças. – Pediu. Mas ele arrancou-lhe a boneca e ao faze-lo rasgou-lhe um braço.
Malika viu impotente o grandalhão pôr a boneca no lixo, sem que ninguém se mexesse para o impedir.

Depois da maldade feita, Rodrigo deixou as garotas em paz, voltando para o jogo de futebol.
Malika chorava, Ana e Ester pediam-lhe desculpa e Rita escondia a cara cheia de vergonha pelo que tinha feito. Só pensara em si e na sua boneca.
- Não sabia que gostavas assim tanto dessa boneca. – Disse-lhe triste. – Não te preocupes, se tu pedires, a tua mãe dá-te uma nova. Como a minha. – Disse tentando animá-la e mostrando-lhe a sua boneca.
- Eu não quero uma nova. – Disse Malika por entre as lágrimas encostada à parede e enrolada como uma bolinha.
- Como é que tu podes gostar tanto dessa boneca?
- Ela era especial?
- Porquê? – Perguntou Rita teimosa.
- Porque foi a minha mãe da África que a fez! – Respondeu Malika e correu para a sala de aula deixando as outras para trás.
Ester foi buscar a boneca ao caixote do lixo. Se antes já era feia e velha, agora nem parecia uma boneca.

Em casa Ester contou ao Jónatas.
- Queres que bata nesse Rodrigo para ele aprender? Eu sou mais velho e maior, não tenho medo dele. – Afirmou o mano, levantando-se da cama dando murros e pontapés ao ar, para mostrar como era forte.
A avó Licínia que estava lá em casa para tomar conta do Jónatas que estava doente, entrou no quarto com o lanche dos pequenos.
- Jónatas, volta já para a cama. Um menino doente não pode por os pés descalços no chão. – Explicou. – Em quem é que queres bater?
Jónatas que não esperava que a avó tivesse ouvido a conversa, sentiu-se envergonhado. Ele sabia que não devia bater em ninguém. Nem Jesus, que era o maior e o mais forte e a quem chegaram a bater, se defendeu batendo também.

Ester contou à avó a história toda.
- O Rodrigo pode ser um menino mal comportado, mas ele não conhece o Senhor Jesus. Nós que conhecemos não vamos fazer o que ele faz.
- Tens razão avó! – Desculpou-se o pequeno.
- E a Ritinha também não teve uma atitude bonita. – Disse a avó.
- Mas ela gostava muito da boneca. – Explicou a Ester.
- E a Malika também.
- Ela disse que tinha sido a mãe de África a fazer a boneca.
- Ela tem duas mães? – Perguntou o Jónatas.
- Sim. Malika foi adoptada, porque a mãe dela de África era muito pobre.
- Para ela, a boneca é a única lembrança que tem da mãe. Nenhuma outra boneca, por mais cara que seja, a pode substituir. – Explicou a avó.
- Eu trouxe a boneca avó, olha. – E mostrou a boneca à avó.
- Realmente está a precisar de uns remendos. Ajudas-me a arranjá-la?
- Sim! – Exclamou Ester que queria muito ver a sua amiga contente outra vez.
- Sabes onde a mãe tem a caixa da costura?
- Eu sei! Vou buscar. – Disse o Jónatas pronto para saltar da cama.
- Tu não vais a lado nenhum. – Avisou-o a avó. Meninos doentes, não têm autorização para sair da cama a não ser para ir fazer xixi.
- Eu vou avó. – Ofereceu-se Ester já a correr para fora do quarto.

Enquanto Ester procurava a caixa de costura da mãe onde o mano lhe tinha dito, a avó lavava a boneca no lavatório da casa de banho.
- Já tenho a caixa avó. – Informou a Ester
- E eu vim fazer xixi. – Disse o espertalhão Jónatas. A avó riu-se.
- Espero que não te tenhas esquecido de calçar as pantufas.
- Não esqueci. – Afirmou o menino com muita convicção.
Os pequenos viam a avó lavar a boneca com muito cuidado à medida que a água ficava escura e suja. A avó aproveitou para explicar:
- Vocês sabem que foi Deus que nos fez. Quando fez Adão e Eva, fê-los perfeitos, sem qualquer defeito, mas quando eles o desobedeceram, ficaram feios, quebrados e sujos como esta boneca. E Deus ficou muito, muito triste, porque gostava muito, muito deles. Então fez um plano para os concertar. Jesus veio à terra para que pudéssemos ser limpos das maldades que fazemos e para que Deus nos possa arranjar. Ao morrer por nós Jesus lavou-nos as nossas manchinhas.
- Será que a água ficou tão suja como esta? – Perguntou Ester.
- Deve ter ficado bem mais suja.
- Txiiiii! – Exclamaram os pequenos.

A avó pegou na boneca já lavada e secou-a com o secador.
- Parece mais nova! – Exclamou o Jónatas.
- E mais colorida! – Acrescentou Ester.
Depois de seca, a avó levou-os para o quarto onde já com o Jónatas novamente na cama, começou a cozer o braço da boneca que tinha sido rasgado.
- Agora Deus vai curando as nossas feridas aos pouquinhos. Ás vezes dói, mas no fim, vamos ficar como novos.
- Olha avó. – Nem parece a mesma boneca.
Depois do braço cozido, a avó arranjou dois botões para os olhos, substituindo os partidos. E colocou remendos coloridos onde o tecido estava tão gasto que não podia ser cozido.
- Está tão bonita! Parece que tem uma roupa nova. – Exclamou o Jónatas.
- Como esta boneca, as coisas realmente valiosas não têm preço. Somos tão importantes para Deus que Jesus morreu para que ficássemos como novos e pudéssemos ser felizes.
- Deus tem sempre tanto trabalho connosco! – Comentou o Jónatas.
- É verdade. Porque teimamos em sujar-nos e em desobedecer-lhe. Quando lhe desobedecemos magoamo-nos. E Depois Deus tem que tratar novamente das nossas feridas. Mas fá-lo com carinho e com paciência porque somos muito importantes para ele.
- Obrigada avó. Acho que a Malika vai gostar.
- Foi um prazer querida.

No dia seguinte, Ester levou a boneca a Malika que a recebeu sem acreditar no que via.
- Oh Ester, obrigada. Está como nova. – Agradeceu abraçando a boneca.
- É tão bonita a tua boneca. – Disse a Ritinha, aproximando-se para a ver melhor. – Desculpa Malika. – Pediu envergonhada. – Não pensei que fosse tão importante para ti!
- Não faz mal Ritinha. Já passou. Agora a minha boneca está como nova!
- Gostava de ter uma assim. – Disse a Ana. - É diferente de todas as outras.
Ester estava muito contente. Malika recuperara a sua boneca, e todas fizeram as pazes.



Escrito por: Magna Santos
9 de Fevereiro de 2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sujar as mãos


Uma ou outra vez Ester desejara estar doente para não ter que ir à escola. Agora que realmente estava doente e não podia ir à escola, desejava não se sentir tão mal e poder estar a brincar com os amiguinhos. Doía-lhe a cabeça e tinha muito frio. Tremia, mesmo debaixo dos lençóis e a garganta doía tanto que até lhe custava falar.

A mãe entrou no quarto com o xarope que a ia ajudar a sentir-se melhor. A pequenina fez uma careta enquanto o líquido lhe escorria pela garganta a baixo, mas não se queixou.

- A mamã tem que ir trabalhar, meu amor. Mas a avó Licínia vem tomar conta de ti. Já não deve demorar. – Prometeu. – Vou baixar a persiana para descansares um bocadinho. Tenta dormir, quando acordares, de certeza que te sentes melhor. – E deixando o quarto numa penumbra agradável e dando um beijinho leve na testa da pequenota, a mãe saiu.


Quando acordou, Ester sentia-se de facto melhor. Estava alagada em suor, mas a cabeça doía menos e já não sentia frio.

Calçou as pantufas e foi procurar a avó. Ouviu-a cantar na cozinha, enquanto se aproximava.

- Olá avó. – Cumprimentou.

- Olá princesinha. Que estás a fazer de pé? – Perguntou fingindo-se zangada. – Vá, já para a cama. Estou só a acabar de fazer o teu almoço, já vou lá ter contigo.


Obediente, Ester voltou para a cama. Estar em casa doente era mesmo aborrecido. Tinha que ficar sossegada e passava o dia sem ninguém com quem brincar, porque o Jónatas que não estava doente, não tinha desculpa para não ir à escola.
A avó apareceu no quarto com uma bandeja nos joelhos. Não podia trazê-la nos braços porque precisava das mãos para fazer a cadeira de rodas andar.

- Canjinha quentinha para a minha princesa. – Disse a avó muito bem disposta.

A Ester gostava muito de canja, mas naquele momento não lhe apetecia comer nada.

- Olha a marota da princesa a torcer o nariz! - Exclamou a avó divertida. – Vá, percebo que não te apeteça, mas as vezes temos que fazer coisas que não nos apetecem. Além disso se não comeres, nunca ficarás melhor. – Disse com paciência.

 

- Avó, porque é que fazes tantas coisas? Se estás numa cadeira de rodas, podias pedir ás pessoas para te fazer as coisas, sem tu te cansares. Quando eu estou doente, a mamã faz tudo o que eu peço.

- Isso não seria nada bonito. – Explicou a avó surpreendida com a pergunta da neta.

- Porque? Se não podes fazer…

- Mas eu posso fazer. Levo mais tempo e se calhar canso-me mais depressa, mas enquanto conseguir vou sempre fazer.

- Porque?

- Porque, as outras pessoas, tem as suas próprias tarefas a fazer. Além disso, poder fazer as coisas de que gosto com as minhas próprias mãos dá-me muito mais prazer, do que vê-las feitas pelos outros. – A avó deu-lhe outra colherada de sopa – Por exemplo, fiquei muito contente por te ter feito esta sopinha que te vai ajudar a ficar melhor depressa. E também estou muito contente por te estar a dar a sopinha agora.

- Porquê?

- Porque tu és especial e eu gosto muito de ti. – Explicou a avó. – As coisas são mais especiais quando as fazemos com as nossas próprias mãos. Apesar de as vezes ser difícil, o resultado do meu trabalho deixa-me muito satisfeita. – Mais uma colherada. – E sabes uma coisa? – Perguntou deixando a neta curiosa.

- O quê?

- Sabes que Deus fez o mundo, não sabes?

- Sei. Já aprendi na escola dominical.

- Sabes como é que Ele o fez?

Ester pensou durante um bocadinho.

- Se disseres, se calhar lembro-me!

- Ai sim? Então vou-te lembrar.  

- Deus criou o mundo apenas dando ordem para que as coisas aparecessem. Deus disse: “haja luz” e ouve luz. Também foi assim que Deus criou as plantas e os animais. Mas para criar o homem, Deus que podia apenas falar, escolheu sujar as mãos. Com as suas próprias mãos e o pó da terra, Deus fez carinhosamente cada parte do ser humano. Quando acabou de o moldar, Deus soprou nas suas narinas o fôlego da vida da vida e Adão acordou. A primeira coisa que ele viu quando abriu os olhos foi Deus. Eva foi feita da mesma maneira, moldada pelas mãos do criador. E Sabes porquê?

- Porquê?

- Porque Deus queria que percebêssemos o quanto especiais nós somos para Ele e o quanto fazer-nos o agradou.

- Já percebi avó. – Disse Ester contente. - E se Deus que podia apenas falar para as coisas aparecerem, não se importou de sujar as mãos para nos criar, nós não devemos ser preguiçosos.

- Exactamente. Mas tu hoje podes ser preguiçosa e podes dormir muito. Precisas ficar boa depressa para poderes sair desta cama aborrecida. – Lembrou a avó. – Vá, dorme mais um bocadinho enquanto eu vou lavar a loiça.


 Escrito por: Magna Santos

9 de Fevereiro de 2009

 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Colinho de Deus


A Miriam é uma menina pequenina de cabelos muito lisos e grandes olhos castanhos amendoados.

Gosta muito do papá e da mamã e do Senhor Jesus por ele ser seu amigo.

Miriam Gosta muito de carinhos, beijinhos abracinhos, X-corações e do tão bom colinho.

Desde bebé que a Miriam todos os domingos vai à Igreja com o papá e a mamã. “É o dia que guardamos para o Senhor!”, explicou a mamã.

A Miriam gosta muito de ir à escola dominical. Os corinhos são muito bonitos e divertidos, até têm gestos. A Miriam também gosta muito de ouvir as histórias da bíblia que a professora lhes conta na classe onde no fim há sempre tempo para fazer uns desenhinhos.

 A Miriam também gosta de ir ao culto à tarde, mas muitas vezes não percebe muito bem o que o Pastor diz e coisas estranhas que os adultos fazem nesse culto.

 “Porque é que os adultos levantam os braços quando estão a fazer oração ou a cantar um hino?”, perguntava para si baixinho.

 Miriam perguntou à mamã e a mamã explicou: “para estar mais perto do Senhor!”. A pequenita não percebeu, ficou confusa. “Mais perto do Senhor?”

A Miriam perguntou ao papá e o papá respondeu: “Para mostrarmos ao senhor que queremos estar mais perto dele.” , a Miriam continuou confusa.

Tentou perceber! Mas não conseguiu muito bem. Estava cansada, cheia de soninho. Esticou os bracinhos ao papá e logo o papá a levou no colinho para a caminha.

No outro dia a Miriam foi passear ao parque com o papá. Ela gostava muito de ir ao parque porque podia brincar nos baloiços e conhecer outros meninos.

No caminho de regresso a casa, sentiu-se tão cansada que esticou os bracinhos ao papá para pedir colo e o papá levou-a nos braços para casa. Sabia tão bem ser carregada pelo papá.

À tarde, enquanto brincava no jardim, a Miriam caiu e esfolou um joelho. Começou logo a chorar. Depressa a mãe foi ver o que se passava. A pequenina esticou logo os bracinho pedindo o colo confortável da mama, porque o joelho doía e no colinho da mamã o doí doí curava depressa.

A Miriam levantava os bracinhos para pedir colo... será que os adultos também pediam colo?

Não eram os adultos muito crescidos para isso?

O papá tinha dito que era para mostrar que queriam estar perto do Senhor. Quando a Miriam queria colinho, bastava levantar os braços que a mamã ou o papá percebiam, nem precisava de falar.

 -         Mamã, os adultos já são muito crescidos para receber colinhos, mas não são crescidos de mais para receber o colinho de Deus, pois não?

-         Tens razão filhota. E sabes porque? - perguntou a mamã com aquele ar que põe sempre que diz algo que a Miriam deve perceber muito bem e memorizar.

-         Porquê, mamã? -perguntou cheia curiosidade.

-         Porque Deus é muito muito muito grande!

-         E porque somos filhos de Deus. - continuou o papá.

Contente a Miriam esticou os bracinho e logo recebeu um abraço longo e apertado dos papás.

Nessa noite na caminha, depois de fazer oração com os papás e de levar o beijinho e o abracinho de boas noites, a Miriam percebeu. Os adultos gostavam tanto de colinho como ela! “Deve ser um colinho mesmo muito bom e especial, para os crescidos pedirem tantas vezes!”, pensou.

 Ficou logo cheia de vontade de experimentar. Sentiu-se contente por não ter que esperar ser crescida para também receber esse colinho especial. Decidiu que ia experimentar na primeira oportunidade.

 

E tu? Queres experimentar aquele colo ou abraço a que nem os crescidos resistem? Na escola dominical ou no culto, ganha coragem, não tenhas vergonha, fecha os olhos e estica os bracinhos. Diz a Jesus que gostas Dele e logo descobrirás o que a Miriam já descobriu.

 

 

Escrito por: Magna Santos

1 de Junho de 2008